Festa na praia

Como eu previ, ele parecia ter ficado bravo. Levou um belo susto e derrubou a bebida, não consegui segurar e ri dele. Como alguém se assusta com um ‘buu’ ?! Recompus-me e o cumprimentei.
- Haz, legal, gostei é criativo. Eu sou Luah, desculpa ter rido, é que foi realmente engraçado – sorri, olhei pro lado de repente Alice havia chegado e apostava muito que a garota não tivesse pensado alguma merda.
- Alice! Estava apenas cumprimentando ele, falando nisso, Haz, quer vir com a gente?! – Eu não queria esperar uma resposta, mas resolvi ser simpática.

Clothes:

O indefinido esperava por tudo, menos uma companhia nessa noite. Claramente, uma festa não seria considerada uma sem a presença dos campistas, contudo, imaginava-se sozinho até que o álcool preenchesse sua consciência e acordasse no dia seguinte, sem recordação da noite passada. O breu da noite apenas alimentava seu rancor, mais um dia havia se passado e ainda não havia sido reclamado pela sua possível mãe. O vento embargava sua garganta, onde o fumo presente acalmava seus nervsos. James costuma agitar-se com a bebida e o fumo, antigamente, acompanhado das drogas ilícitas, o que encontrava-se em falta. Talvez, tivesse que conferir a mercadoria novamente, alguns filhos de Hermes poderiam ajuda-lo.

A beleza fúnebre da campista preenchia sua visão. Não havia sentimento, apenas a incomoda sensação de conhecê-la. Com aos anos passados nas ruas, James talvez tivesse vislumbrado o rosto da moçoila, contudo, as presentes semelhanças o incomodavam de uma maneira bem estranha, da qual não possui conhecimento. Sentimento? Ele se acostumara com a solidão, mas o desejo masculino ainda continuava presente. Era uma bela garota, e com uma dosagem de êxtase entusiasmá-la-ia. O campista observou-a beber de sua bebida, seus lábios tocando o gargalo poderia se excitante para qualquer garoto cheio de hormônios, no entanto, James apenas sentia-se desafiado. Qualquer um poderia ser visto como um inimigo para ele.

Julliet. Um nome derivado. Seu progenitor mortal poderia ser fanático pelos clássicos, pensou o garoto consigo mesmo, com um sorriso debochado em seus lábios, que terminavam com o trago. William Shakespeare, um dos mais famosos poetas e dramatúrgicos do mundo, James é considerado um delinquente no mundo mortal, porém conhecedor ao passar tanto tempo distante das companhias humanas. — James. — apresentou-se ele, após minutos perdido em sua própria mente. Ele recolheu a garrafa oferecida pela garota e a bebericou. Não era mais forte do que a vodca, ele acostumou-se com bebidas quentes, e esta não lhe fazia justiça. Mais requintada e rica em sabor. James terminou com seu cigarro e jogou os retos em seus pés, pisando logo em seguida. — Você não aparenta estar cômoda com esta festa. — observou ele. Apenas uma alma solitária identificava a outra. Ele esperou que a menina se abrisse, pedir por um diálogo estava fora de cogitação. O garoto pensou, mas não achou a última conversa alheia que teve. Uma alma solitária, lembrou-se a si mesmo.

O ar presunçoso que James emana tornava-o desinteressado diante da situação. Ele analisava as ações minunciosamente da campistas, e então, custou-o deslumbrar-se das características da mesma, demorando-se nos mínimos traços de seu rosto e suas manias. Os olhos opacos, porém escuros perante a pouca iluminação do ambiente, fixaram-se somente na menina. O campistas segurava sua garrafa de champanhe com firmeza, mesmo que não obtivesse a mesma quantidade de álcool que proporcionava a vodca, não importou-se em terminar em um único gole com a bebida, sem preocupar-se com a imagem que passava á garota. Ele continuou analisando quando tombou sua cabeça, como fazia-se um gato em comerciais de comida para os animais.

Sarcasmo. Umas das poucas características que poderiam ser consideradas divertidas em James. Ele jamais preocupou-se com a imagem que passava, suas palavras ou simplesmente ações que surpreendiam ao outros. Diferente dos bad-boys que tanto se orgulhavam de seus atos, James limitava-se a lidar com seus estragos e refletir antes de fazê-los. Mulheres? Bem, jamais tivera relacionamentos. É claro, Julliet o atraia por sua beleza incomum. Cabelos negros e olhos de um tom azulado opaco. Encantadora, mas ao certo, ele se limitou a sentir atração. Como um homem que é, uma garota como ela lhe causava desejos incontroláveis, por mais que lhe parecesse errado.

James se conteve ao toque da garota. Sua pele quente contorceu a frieza que era sua pele. Os dedos da garota envolveram sua jaqueta. Seus olhos tensos acompanharam o movimento silencioso da garota ao acomodar-se no chão arenoso.  Com a bebida no meio das pernas cruzadas, Julliet esperava pela companhia do campista desconfiado, que com isso, apanhou mais uma garrafa de cerveja. Ele continuou de pé, sentia-se desprotegido ao acomodar-se ao lado da indefinida. — Bem, ambos aderimos à solidão. — concluiu ele, numa voz sem vida e pensativa, decorrendo-se ao seu passado novamente. James havia participado de uma gangue, e o tratamento não passava de uma competição. Ele mais soube o que é ter algum laço, e sentia-se protegido de tal forma. — Não costumo sorrir. — respondeu num tom duro e despreocupado. — Reações emotivas limitam-se ao proposito falho. Não importa o que vocês façam, sempre acabarão sozinhos. — criticou após beber um longo gole de cerveja, diferenciando-se do restante das pessoas. Ele sabia da verdade, e não se permitia a iludir a si mesmo.

Break the ice then the cold heart!

Strike the heart for love frozen by fear is beautiful and menacing

"Camilla, me ajuda." meu pedido era uma ordem mascarada, e o tom de minha voz deixava isso claro. Minha irmã gêmea, que lia uma revista de fofocas atirada em sua cama, levantou os olhos no mesmo instante em que findei minha frase. Seu rosto idêntico ao meu trazia uma careta que eu poderia facilmente imitar. Aquela semelhança toda era irritante às vezes, embora tivesse lá suas utilidades; mas por que eu estava pensando naquilo agora? Maldito déficit de atenção! Balancei a cabeça, voltando a atenção à Milla. "Qual você acha melhor..." comecei, e ergui um brinco de argolas prateadas perto do rosto dela. "... esse..." mostrei bem a ela a joia que ela já conhecia bem - sempre dividimos tudo, e aquele brinco já fora objeto de brigas e discussões diversas vezes -, observando enquanto ela levantava uma sobrancelha. "... ou este aqui?" levantei a outra mão, até então fechada em punho, e a abri, revelando ali duas pequenas e delicadas pérolas. Camilla analisou as duas opções com olhos profissionais, e depois de longos segundos, ela apontou para o de pérolas. Voltei-me para a penteadeira que eu dividia com ela - onde nossos produtos e pertences estavam espalhados de modo nada organizado -, guardando as argolas em nosso pequeno porta-joias e colocando as pérolas em seguida. Passei as mãos pelos fios loiros e ondulados que me caiam pelos ombros e retocando o batom leve que eu escolhera para a ocasião em que me dirigia, enquanto Camilla me observava e depois voltava sua atenção novamente para a revista. Com agilidade, ajeitei minha sapatilha em meus pés e me levantei, indo diretamente para o outro espelho que havia ali, onde eu poderia ter uma visão mais ampla de mim mesma. O vestido azul  que batia-me um pouco acima do joelho fazia-me parecer uma espécie de "Cinderela Moderna", já que eu fora abençoada com os cabelos claros e olhos metamórficos que lembravam ligeiramente a princesa da Disney. As sapatilhas brancas contrastavam perfeitamente com as pérolas e a maquiagem leve que eu fizera. O conjunto fora planejado por mim horas antes. Depois de várias provas e mudas - e de eu fazer um semi-desfile no chalé 10 -, aquele modelito fora eleito meu 'companheiro' para a festa que aconteceria naquele dia, na praia do Acampamento. Eu sempre gostara de festas, e fazia séculos que não ia a uma; estava mais que na hora de "tirar a poeira do esqueleto", não? Fiz um biquinho para o espelho e depois sorri de canto. Com um giro, virei-me para Camilla. Minha irmã decidira que precisava pôr as "leituras" - ou fofocas, chame como quiser - em dia, e que para isso sacrificaria a festa na praia. Eu tinha esperança que ela mudasse de ideia e aparecesse depois, já que nunca se tem respostas concretas e absolutas quando se trata dela, mas minha gêmea parecia determinada. "Não vem mesmo?" perguntei uma última vez. Tudo que recebi como resposta foi um leve grunhido. Dei de ombros, saindo do chalé de Afrodite. [...]

O céu nunca estivera tão lindo. O laranja que mesclava-se a um rosa-avermelhado cobria um pedaço da lua, que começava a surgir preguiçosamente. Caminhei com calma, observando a paisagem. Eu sempre tivera o dom do desenho - Milla tinha o dom da música; meu Zeus, aquela garota toca qualquer instrumento que você pode imaginar - e as cores do céu eram minhas principais fontes de inspiração. Eu gostava de representá-las com as mais variadas combinações de azul e laranja, vermelho e cinza, etc. Fui devaneando e deixando meus pés me guiarem enquanto minha mente vagava, solta. [...] Estava muito próxima a praia quando me dei conta de que lá teria areia. Que coisa estúpida de se pensar, mas eu estava de sapatilha, e aquilo não era sapato para um ambiente daqueles. A areia seca provavelmente estragaria meus sapatos, e então Camilla me mataria, pois eles eram dela, e não meus. "Droga." murmurei, parando de caminhar subitamente. Eu ia voltar e trocar rapidamente de sapatos e então ir para a festa. Mas eu acharia sapatos que combinem com o vestido ou teria que trocar tudo? Di Immortales, essa vida de filha de Afrodite era difícil. Comecei a me virar para voltar quando algo bateu em mim com força. O impacto foi tão grande que caí para trás, e a julgar pelo som que ouvi, a pessoa que tinha esbarrado em mim também fora ao chão. Abri os olhos, piscando com dificuldades. "Droga." praguejei, analisando meu vestido. Graças aos deuses, estava inteiro. E era sorte para o garoto que havia batido em mim, pois eu seria capaz de matá-lo se algo tivesse acontecido ao meu vestido. Sentei-me com dificuldade, procurando não levantar muito as pernas, já que trajava apenas minhas roupas íntimas por baixo da saia não muito longa. Apertei os braços ao redor das pernas, cobrindo-as. O garoto - alto, moreno, pálido, do tipo que me parecia tímido - pediu desculpas com um tom tão indiferente que não ter falado nada seria mais válido. "Sente muito mesmo ou diz isso por educação?" questionei, levantando uma sobrancelha. Ele respondeu-me enquanto se levantava e sacudia a sujeira da roupa. Estiquei a mão para ele, indicando que queria ajuda para erguer-me novamente. Assim que ele me puxou, pus-me de pé e, a exemplo dele, sacudi-me para livrar-me da sujeira. Virei-me de lado. "Estou muito suja?" perguntei, sem me dar conta de que estava pedindo para ele olhar minha bunda. Corando de leve, fiquei reta antes que ele pudesse me olhar. Ou assim eu esperava. Pigarreei para espantar o embaraço. "Eu sou Samantha. Quem é você?" me apresentei e perguntei. Ajeitei uma mexa de meu cabelo para trás da orelha, esperando ele se pronunciar.

Break the ice then the cold heart!

Strike the heart for love frozen by fear is beautiful and menacing

"Prazer, Ethan." falei, segurando o vestido como princesas faziam e dando uma leve reverência. Eu adorava aquele tipo de encenação, embora soubesse que muitos ficavam sem graça. Eu tentava ignorar o incidente do vestido e torcia para que ele fizesse o mesmo, mas para variar, minhas expectativas não concretizaram-se: Ethan comentou sobre meu vestido, o que teria me feito corar se não fosse o auto-controle enorme que eu tinha sobre as reações que meus sentimentos estampavam em mim. Ficamos em silêncio por um longo período de tempo, apenas nos encarando, o que era realmente constrangedor. Eu pensava em me virar para ir embora quando ele finalmente se pronunciou de novo. Garotos precisavam ter, acima de tudo, atitude; e aquele ali parecia um tanto quanto lerdo naquele quesito. "Eu acho que sim. Quer dizer, esse sapato..." interrompi-me. O.K, eu era filha da deusa do amor, vaidade, beleza, essas coisas, mas precisava ser daquele jeito o tempo todo? Às vezes eu precisava ficar me lembrando de que não era necessário manter a pose de filha-estereótipo-superficial-de-Afrodite. Afinal, aquela não era eu. Não completamente. Balancei a cabeça, levantando o olhar, que até então estava focalizando em minhas sapatilhas. "Vou sim. Você também vai?" perguntei, dando um sorrisinho. Ethan confirmou. Assenti em concordância. "Que tal irmos juntos? Não sou a pessoa mais popular do mundo, e não conheço quase ninguém. Não ficar sozinha seria ótimo." falei. Era estranho como eu podia ser extremamente diferente de uma hora para outra. Ele pareceu incerto, e não demorei a explicar. "Juntos, digo, ir até a praia juntos. Não vou te dar a obrigação de me acompanhar. Não sou do tipo que impõe. Não sempre." acrescentei a última parte após uma boa pausa, e dei um sorrisinho malicioso, de canto dos lábios.

Depois de refletir por algum tempo, Ethan aceitou meu convite. Recomeçamos a caminhar, e contive a vontade de dar meia volta e trocar os sapatos. Íamos em silêncio, um ao lado do outro, um silêncio que eu via necessidade de ser desfeito. Pigarreei para chamar sua atenção. "Sou filha de Afrodite. E você?" perguntei. Eu realmente não fazia ideia de quem ele poderia ser filho. "Quando chegou no acampamento?" tentei procurar assuntos, e instigá-lo a falar me parecia uma boa alternativa. Eu era do tipo tagarela, e sempre fora; se abrisse a boca e começasse a falar, nunca mais pararia. Então, dar essa tarefa à ele, que me parecia tímido e quieto, pareceu uma boa.